Avaliação de deficiência androgênica

*Sinais, sintomas e antecedentes que podem estar associados ao hipogonadismo primário/deficiência de testosterona incluem:1-3

 

  • Perda de massa magra e força muscular
  • Perda de pelos
  • Obesidade visceral
  • Síndrome metabólica
  • Resistência à insulina e diabetes mellitus tipo 2
  • Redução da densidade mineral óssea com fraturas com trauma de baixo impacto
  • Redução do volume testicular
  • Infertilidade masculina
  • Ginecomastia
  • Anemia leve não explicada
  • Redução da libido
  • Disfunção erétil
  • Fogachos
  • Alterações do humor e irritação
  • Fadiga
  • Distúrbios do sono
  • Redução da função cognitiva
  • Exposição à quimioterapia
  • Exposição testicular à radioterapia prévia
  • HIV
  • Uso crônico de corticosteroides
  • Disfunção hipofisária
  • Uso crônico de drogas

Sobre o Undecilato de Testosterona

O undecilato de testosterona é uma terapia de reposição de testosterona segura, eficaz e conveniente para o tratamento do hipogonadismo em homens3. Esta apresentação é injetável de longa duração, com administrações trimestrais permitindo manter os níveis terapêuticos de testosterona3.

Um estudo clínico randomizado, controlado por placebo com 30 semanas de duração, seguido por período de extensão (52 semanas adicionais) de rótulo aberto avaliou os efeitos em longo prazo da reposição de testosterona sobre a circunferência abdominal (CA) e a função erétil, além de outros parâmetros, em homens com idade entre 18 e 80 anos portadores de diabetes mellitus tipo 2 e com testosterona total sérica (em duas ocasiões distintas) menor ou igual a 12 nmol/L (346 mg/dL) ou testosterona livre menor ou igual a 0,25 nmol/L (7,2 ng/dL),  em associação a sintomas de hipogonadismo definidos pela Ageing Male Symptom score4.

O grupo de pacientes que receberam undecilato de testosterona (“Testosterona baixa – tratada”) demonstrou redução de circunferência abdominal (p < 0,0001, teste de Wilcoxon – sign-rank test) após 30 semanas de tratamento, sendo essa redução significativamente maior do que a observada no grupo placebo (“Testosterona baixa – não tratada”) (p = 0,0007, teste U de Mann-Whitney – rank-sum test)4. Os indivíduos do grupo de tratamento com undecilato de testosterona que interromperam a reposição após 82 semanas (“Testosterona baixa – tratada/interrompida”) apresentaram aumento da circunferência abdominal em contraste aos que mantiveram o tratamento (“Testosterona baixa – tratada/contínua”)4 (Figura 1).

Figura 1

Períodos: 0 – 30 semanas – estudo clínico randomizado controlado por placebo;

30 – 82 semanas – período de extensão do estudo clínico (rótulo aberto);

após 82 semanas – tratamento convencional.

Figura 1.

Modificação da circunferência abdominal em homens com a reposição hormonal com undecilato de testosterona versus placebo.

Tabela

Adaptado de: Hackett G, Cole N, Mulay A, et al. World J Mens Health; 2020.4

O mesmo estudo avaliou a função erétil por meio da modificação das pontuações obtidas pelo Índice Internacional de Função Erétil (IIFE) nos grupos tratados com undecilato de testosterona (“Testosterona baixa – tratada”) e com placebo (Testosterona baixa – não tratada) em 30 semanas de seguimento4. Os indivíduos tratados com undecilato de testosterona (“Testosterona baixa – tratada”) apresentaram melhora significativa de IIFE em 30 semanas em comparação ao grupo placebo (“Testosterona baixa – não tratada”) (Modificação média, +2,9; p = 0,010; teste U de Mann-Whitney – rank-sum test)4 (Figura 2).

Figura 2.

Modificação de pontuação do Índice Internacional de Função Erétil durante o tratamento com undecilato de testosterona versus placebo.

Figura 2

Períodos: 0 – 30 semanas – estudo clínico randomizado controlado por placebo;

30 – 82 semanas – período de extensão do estudo clínico (rótulo aberto);

após 82 semanas – tratamento convencional.

Tabela

Adaptado de: Hackett G, Cole N, Mulay A, et al. World J Mens Health; 2020.4

Ng Tang Fui e colaboradores5 avaliaram o efeito do tratamento com undecilato de testosterona na prevenção de recuperação de massa gorda e na manutenção da massa magra em homens obesos com concentração sérica de testosterona total baixa (< 12nmol/L) e que foram submetidos a uma dieta hipocalórica por 10 semanas, seguido por período de 46 semanas de manutenção de peso.

Os indivíduos foram alocados 1:1 para tratamento com undecilato de testosterona (n=49) ou com placebo (n = 51) de forma aleatória (randomizada) por um período total de 56 semanas. Ao final das 10 semanas iniciais de intervenção com dieta hipocalórica, ambos os grupos perderam peso de maneira similar (-12,0 Kg; -14,5 a -9,5 kg e -13,5 Kg; -16,0 a -11,0 Kg nos grupos undecilato de testosterona e placebo, respectivamente) sem diferenças na composição corporal, porém na avaliação ao final do estudo (56 semanas), o grupo de indivíduos tratados com undecilato de testosterona perdeu, em relação à linha de base,  uma quantidade significativamente maior de massa gorda [-2,9 Kg (-5,7 a -0,2), P = 0,04], porcentagem de massa gorda [-2,8% (-4,6 a -1,0), P = 0,003] (Figura 3), além disso, no que se refere à recuperação de massa magra perdida ao longo do período de 10 semanas de dieta hipocalórica, o grupo tratado com undecilato de testosterona foi significativamente superior [3,4 Kg (1,3 – 5,5), P = 0,002]5.

Adaptado de: Ng Tang Fui M, Prendergast LA, Dupuis P, et al. BMC Med; 2016.5; Hackett G. World J Mens Health; 2019.6

 

Figura 3.

Efeito do tratamento com testosterona na gordura corpórea e na massa magra em homens obesos (IMC > 30 Kg/m²) com testosterona total < 12 nmol/L submetidos a dieta hipocalórica por 10 semanas, seguido por período de manutenção por 46 semanas.

Referências

1 – Corona G, Goulis DG, Huhtaniemi I, et al. European Academy of Andrology (EAA) guidelines on investigation, treatment and monitoring of functional hypogonadism in males Endorsing organization: European Society of Endocrinology. Andrology 2020;8(5):970-987.

2 – Dohle GR, Arver S, Bettocchi C, et al. EAU Guidelines on male hypogonadism. Disponível em: https://uroweb.org/guideline/male-hypogonadism/. Acesso em junho/2021.

3 – Edelstein D, Basaria S. Testosterone undecanoate in the treatment of male hypogonadism. Expert Opin Pharmacother 2010;11(12):2095-106.

4 – Hackett G, Cole N, Mulay A, et al. Long-Term Testosterone Therapy in Type 2 Diabetes Is Associated with Decreasing Waist Circumference and Improving Erectile Function. World J Mens Health. 2020;38(1):68–77.

5 – Ng Tang Fui M, Prendergast LA, Dupuis P, et al. Effects of testosterone treatment on body fat and lean mass in obese men on a hypocaloric diet: a randomised controlled trial. BMC Med. 2016;14(1):153.

6 – Hackett G. Type 2 Diabetes and Testosterone Therapy. World J Mens Health 2019;37(1): 31-44.